domingo, 23 de agosto de 2009

Lembranças e reflexões sobre Maria Clara Machado, por Ângela Reis

Maria Clara Machado

Como professora e pesquisadora da história do teatro brasileiro, eu poderia começar dizendo que Maria Clara Machado ainda não teve sua importância devidamente reconhecida. Apesar das inúmeras montagens de suas peças, não há estudos que analisem em profundidade seu papel revolucionário no teatro brasileiro. A exceção a este panorama é o número especial sobre o Tablado da Revista Dionysos, editada em 1986 pelo SNT. Além de reunir um amplo material documental (entrevistas, depoimentos, fotografias, fichas técnicas e críticas de espetáculos) conta com um belíssimo texto de Flora Sussekind, que, ao traçar o percurso profissional de Maria Clara - de atriz a dramaturga - mostra como esta manipula o tempo em seus textos, substituindo as lições de moral do incipiente teatro infantil de sua época por situações inusitadas e que demolem padrões estabelecidos.

Mas, aqui, gostaria de falar de Maria Clara Machado em termos pessoais e afetivos. Moradora, quando criança, da Ilha do Governador (bairro do Rio muito, muito longe da Gávea, onde se localiza o Tablado), eu era levada a cada espetáculo do Tablado por minha mãe, fã incondicional de Clara; esta, que estava sempre perto do público, honrava a família com o epíteto de “Os Reis da Ilha” cada vez que nos via chegar. Mais tarde, morando perto, minhas duas irmãs e também minha mãe fizeram cursos com Maria Clara, e das aulas que assisti, minha maior lembrança é das gargalhadas provocadas pela verdadeira comediante que era aquela professora tão especial. Em seguida, minha irmã Alice permaneceu entre 1971 e 1974 como “agregada” no Tablado, operando som ou vendendo livros antes dos espetáculos. Acompanhando-a sempre, vivi um período maravilhoso, assistindo incontáveis vezes a O boi e o burro a caminho de Belém, A menina e o vento, Um tango argentino, e principalmente O embarque de Noé, meu recorde, que assisti 16 vezes.

Assim como na década de 70 eu não me cansava de assistir às peças do Tablado, em 2009 minha filha de seis anos também não se cansa de ir aos ensaios de Pluft, texto de 1956. O permanente fascínio provocado pelo mundo criado por Maria Clara Machado confirma a afirmação de Flora Sussekind: essa grande autora, com sua obra lúdica e atemporal, soube como poucos brincar com o tempo. A mim, particularmente, Pluft tem possibilitado uma viagem afetiva muito especial¸ em que as memórias de criança têm se entrelaçado com as alegrias do presente.

Ângela Reis

Prof. Ângela Reis- Mãe Fantasma


domingo, 9 de agosto de 2009

Finalizando O Universo de Pluft


Após os processos de conceito e planejamento, começamos as etapas de construção e testes de maquiagem, adereços, figurinos e cenografia. Dando formas concretas ao universo fantástico de Pluft, o fantasminha. Com muita habilidade e talento de nossa equipe técnica avança na confecção dos adereços, com presde Sérgio Telles e assistencia de Fred Alvin e Tarcio Pinheiro. Veja uma amostra da qualidade e beleza do trabalho realizados por eles.

Francisco com- O mapa dos marinheiros

Marinheiro que é MARINHEIRO prefere RUM- Esse é de mentirinha!


Paralelamente ao trabalho de adereços está o de figurino e maquiagem. Um trabalho delicado e que também exige bastante tempo e dedicação. Coordenado por Renata Cardoso, com assistência de Taiane Assis e Camila Rosa.

Renata Cardoso em teste de maquiagem com Pluft- Caio Guimarães

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Eles estão chegando...

Pluft, o fantasminha, é um dos mais importantes textos do teatro brasileiro, sendo eternizado pelo Teatro Tablado (RJ) sob o olhar de sua autora, Maria Clara Machado. E que tem montagem, agora em Salvador, com estréia em 20 de Agosto no Teatro Martim Gonçalves, com direção de Susan Kalik e realização da Cia Teatro de Varanda e Universidade Federal da Bahia.

O espetáculo conta a estória de Pluft, um menino fantasma que tem medo de gente, mas que enfrenta seus temores para salvar a menina Maribel das mãos do Pirata Perna de Pau.

Com direção musical de Luciano Salvador Bahia e construção vocal de Maria de Souza, o espetáculo rememora a Soul Music norte-americana das décadas de 30 e 40, apresentando adaptações das canções originais do texto, e em novas canções especialmente compostas para esta montagem. As coreografias e gag’s cômicas tem influência do Cartoon e do Cinema Mudo, com a construção corporal de Diana Ramos. A cenografia de Sérgio Telles traz ao palco o espírito de aventura e fantasia que permeia o imaginário infantil, ambientando a narrativa em um sótão de uma casa abandonada, onde os fantasmas do mar vão brincar. A luz de Luiz Guimarães e figurino e maquiagem de Renata Cardoso, complementam os efeitos visuais e fantásticos, desta estória de piratas, fantasmas e amizade.

No elenco: Angela Reis (Uma por outra, histórias de Arthur Azevedo), Caio Muniz (Peter Pan / A bruxinha encantadora), Franciso Xavier (Lilu, perca-se em uma noite mágica / Rei da Vela), Anderson Dy Souza (Policarpo Quaresma / O Mambembe), Hayaldo Copque (Ópera do Malandro), Luiz Guimarães (Prequetés / Álbum de família), Sérgio Telles (O Assalto / A Falha), Sunny Mello (Cuida bem de mim). Um espetáculo para crianças e adultos.

TEMPORADA:
De 21/08 a 30/08 - Quintas e Sextas – 15h / Sábados – 17h e 19h / Domingos – 17h

LOCAL:
TEATRO MARTIM GONÇALVES- Escola de teatro UFBA -Canela

INGRESSOS:
GRATUITOS (Retirar senha uma hora antes do espetáculo)

Agradecemos aos nossos Amigos e Apoiadores


Como já faz parte dos projetos da Cia de Varanda, este projeto também terá um cunho social, com a apresentação gratuita para alunos de Escolas Públicas de Salvador. Zelar pela contrapartida social tem sido uma opção constante em nossos trabalhos, como no Curto-Circuito de Teatro Contemporâneo (ingressos gratuitos em 05 Teatros da cidade, oficinas e debates) e no Festival Criançada (ingressos gratuitos em 03 Teatros da cidade, oficinas) e no Festival Adonias (espetáculos, oficinas, apresentações artísticas, todos gratuitos), que acontecerá em Setembro, na cidade de Itajuípe.

Para que pudessemos viabilizar os custos de montagem destes espetáculos, sem a cobrança de ingressos, e principalmente manter nossa política de inclusão cultural, nossos parceiro, tiveram papel fundamental. Foi através da participação deles, com a parceria de produtos e serviços essenciais ao desenvolvimento do projeto, que podemos concretizar nossas ações.

Nessa longa empreitada, a produção de Pluft, O fantasminha contou com o apoio e incentivo de nossos fiéis parceiros. O incentivo à cultura, através do apoio material e moral de cada um deles foi imprecindível para que o espetáculo pudesse continuar. Agradecemos imensamente a todos vocês e esperamos manter fortes laços de amizade e respeito.